quinta-feira, 11 de outubro de 2012

"O direito de sentar"

* Sargento Carvalho

Dois fatos recentes chamaram minha atenção. Ambos tinham como pano de fundo as mesmas características: sexo, drogas/bebidas, menores de idade e intervenção policial inócua.

O primeiro aconteceu quando a incansável Polícia Militar de Minas Gerais foi convocada pela comunidade ordeira da Cidade de Santa Luzia, a fim de averiguar a regularidade de “evento cultural” denominado “Baile Funk”, que estaria sendo patrocinado por traficantes locais. Terminada a diligência policial, contabilizou-se a apreensão de várias porções de maconha e cocaína, além da condução de 28 (vinte e oito) pessoas para a delegacia, dentre as quais 13(treze) mulheres. Dessas mulheres, 03(três) são menores de idade. Conforme o sargento que comandou a operação, também foram encontrados diversos preservativos usados no local do evento.

O segundo episódio foi a divulgação de vídeos na internet, nos quais uma adolescente de 15 anos aparece praticando sexo com quatro rapazes. De pronto, a Autoridade Policial da Delegacia de Mulheres do município de Santa Luzia (outra coincidência que só constatei ao pesquisar sobre o assunto) lançou sua equipe nas ruas. Em breve empenho conseguiu identificar os protagonistas do filme e apreender o computador utilizado para edição e divulgação das imagens. Ao ser ouvida na delegacia, a menina disse que um amigo lhe deu bebida alcoólica antes da gravação das cenas de sexo coletivo; que não sabia que eles tinham praticado tal orgia, pois estava inconsciente.

Colocadas as devidas referências fáticas, passo à análise crítica dos acontecimentos.

Quando afirmei, na introdução do texto, que a intervenção policial nos dois casos foi inócua não tinha o propósito de desqualificar o árduo trabalho dos policiais. Por outro lado, minha assertiva decorre das versões apresentadas pelos envolvidos (versões veiculadas pela imprensa, frise-se).

Ouvi num programa de rádio a entrevista com uma das adolescentes que foi surpreendida no Baile Funk. Resumo: “Eu estava mesmo no baile; fiz sexo por que quis e só não usei drogas por que não tinha, porque se tivesse não tinha sobrado. A droga que vocês estão vendo aí só apareceu depois que a polícia chegou”. Quando o repórter pergunta para a menor qual a posição dos pais dela sobre o seu estilo de vida, a resposta é de doer o coração: “Meu paizão já tá aqui. Veio me tirar. Ele é de boa, não liga pra nada”.

Assisti num telejornal a entrevista da Delegada de Polícia encarregada pelo caso do filme erótico. Disse que a adolescente prestou novo depoimento. Desta feita, assumiu que estava consciente quando gravou as tórridas cenas de sexo grupal e que tudo transcorreu com sua livre e espontânea vontade. A imprensa também noticiou que a adolescente já havia “estrelado” outras películas cinematográficas caseiras, as quais já estão circulando gratuitamente de celular para celular, de e-mail para e-mail. Cogita-se até que ela própria se encarregava de gravar e distribuir os vídeos.

Não tenho dúvidas que existiram crimes nos dois casos: tráfico de drogas, corrupção de menores, dar bebida alcoólica a adolescentes, divulgar cenas de sexo envolvendo menores etc. De igual maneira, acredito que não haverá punições exemplares aos criminosos, visto que as pretensas vítimas estão “curtindo” toda essa onda. Posso até estar equivocado, mas essa é a impressão que fica. Ao refletir sobre tais mazelas sociais foi inevitável recordar as inúmeras vezes que presenciei crianças e adolescentes se delirando ao som de um Funk que diz o seguinte:
Mãos para o alto novinha
Mãos para o alto novinha
Porque?
Por que hoje tu tá presa, tu tá presa, tu tá presa (2x)
E agora eu vou falar os seus diretos
Tu tem direito de sentar, tem o direito de kikar
Tem o direito de sentar, de kikar, de rebolar(2x)
Você também tem o direito de ficar caladinha
Disso tudo emerge uma triste constatação: a adorável luta das Mulheres pelo direito à igualdade, à liberdade sexual e à liberdade de pensamento está sendo deturpada pela sociedade. Uma parcela significativa das mulheres (crianças, adolescentes e adultas) está mais preocupada é com o “direito de sentar, de kikar, de rebolar e de ficar caladinha”.
E não tentem me convencer que uma inocente criança praticante dessa “dança” pensa que esse “direito de sentar” refere-se ao deleite de acomodar-se confortavelmente em um sofá ou uma cadeira. Tampouco que “kikar” guarda alguma similitude com brincadeiras utilizando uma bola de basquete. A coreografia diz mais que a própria letra do Funk.

E os pais? A maioria “tá de boa”... Já Eh!!!!!!


* Nivaldo de Carvalho Júnior, 2º Sgt PM, e bacharelando em Direito pelo Centro Universitário de Sete Lagoas
fonte: http://www.universopolicial.com/2012/10/o-direito-de-sentar.html
eca

terça-feira, 18 de setembro de 2012

CUIDADO COM O HOMEM SEDUTOR...


O homem sedutor é aquele que come pelas beiradas.
Vai chegando aos poucos, de mansinho, detecta que toda mulher tem a alma carente. Ele é altamente gentil, repara na sua roupa, no seu cabelo, costuma dizer que é romântico. Faz aquela carinha de quero colo, adora Ter amigas, muitas, várias.
Dá atenção a todas elas. Sempre está pronto para ouvi-las.
É altamente bem humorado. Adora conversar abobrinhas, contar casos...
É terno, meigo, gentil. Faz de tudo para agradar. Se descobre que você gosta de poesias, dá sempre um jeitinho de pedir seu e-mail e te manda poesias com duplo sentido. Alimenta suas ilusões. Faz você sonhar!
Na verdade ele nunca é direto. Adora jogar indiretas. Fazer jogo.
Joga com as palavras. É um piadista....tem sempre uma historinha engraçada pra contar. E você, boboca, patetona, vai caindo na dele sem sentir. Fica encantada com tanta atenção.
Caramba....você falou que adora conversar sobre determinado assunto e daqui a pouco lá está ele te mandando um e-mail justamente sobre aquele assunto. Aí você se pergunta: Caramba, como ele sabe ? Estava justamente pensando nisso e olha só....
E você vai entrando no jogo sem sentir. Até que quando o jogo vai esquentando, ele te dá uma cortada. Sai com uma indiferença que te espanta. Mas já é tarde demais. Você está caidinha por esse homem sedutor que te envolveu como um gato chegando de mansinho.
No fundo ele só quer uma massagem de ego.
No fundo sofre de uma profunda baixo- estima e precisa estar rodeado pelo sexo oposto para se sentir mais poderoso. É altamente egoísta. Vaidoso e inseguro... Pura auto – afirmação !
Portanto, em tempos de crises, em que nossos corações precisam ser bem preservados, cuidado com o homem galinha...
mas muito mais cuidado com o homem sedutor!
Nossa carência agradece!


autoria desconhecida
eca

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O peso que a gente leva..


Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?
As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez?
Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais da metade do que levei não me serviu pra nada.
É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.
E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar: “Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!” Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu, eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território. É conseqüência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.
É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.
Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias... Hospitais, asilos, internatos...
Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.
Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro. Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve.


Padre Fábio de Melo
eca

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A prisão de cada um

O psiquiatra Paulo Rebelato, em entrevista para a revista gaúcha Red 32, disse que o máximo de liberdade que o ser humano pode aspirar é escolher a prisão na qual quer viver.
Pode-se aceitar esta verdade com pessimismo ou otimismo, mas é impossível refutá-la. A liberdade é uma abstração.
Liberdade não é uma calça velha, azul e desbotada, e sim, nudez total, nenhum comportamento para vestir. No entanto, a sociedade não nos deixa sair à rua sem um crachá de identificação pendurado no pescoço. Diga-me qual é a sua tribo e eu lhe direi qual é a sua clausura.
São cativeiros bem mais agradáveis do que o Carandiru: podemos pegar sol, ler livros, receber amigos, comer bons pratos, ouvir música, ou seja, uma cadeia à moda Luis Estevão, só que temos que advogar em causa própria e habeas corpus, nem pensar.
O casamento pode ser uma prisão. E a maternidade, a pena máxima. Um emprego que rende um gordo salário trancafia você, o impede de chutar o balde e arriscar novos vôos. O mesmo se pode dizer de um cargo de chefia. Tudo que lhe dá segurança ao mesmo tempo lhe escraviza. Viver sem laços igualmente pode nos reter.
Uma vida mundana, sem dependentes para sustentar, o céu como limite: prisão também. Você se condena a passar o resto da vida sem experimentar a delícia de uma vida amorosa estável, o conforto de um endereço certo e a imortalidade alcançada através de um filho. Se nem a estabilidade e a instabilidade nos tornam livres, aceitemos que poder escolher a própria prisão já é, em si, uma vitória. Nós é que decidimos quando seremos capturados e para onde seremos levados. É uma opção consciente.
Não nos obrigaram a nada, não nos trancafiaram num sanatório ou num presídio real, entre quatro paredes. Nosso crime é estar vivo e nossa sentença é branda, visto que outros, ao cometerem o mesmo crime que nós nascer foram trancafiados em lugares chamados analfabetismo, miséria e exclusão.
Brindemos: temos todos, cela especial. 

eca

DEUS NÃO SE DISCUTE, SE AMA.


LUCIDEZ!  
Independente da religião de cada um, com certeza você vai aplaudir a lucidez desse nobre Pastor  
DEUS NÃO SE DISCUTE, SE AMA.

Parece mentira, mas foi verdade. No dia 1°/Abr/2010, o elenco do Santos atual campeão paulista de futebol  foi a uma instituição que abriga trinta e quatro pessoas. O objetivo era distribuir ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral.

Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou

Entre estes, Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa (32a), Durval (29a), Léo (24a), Marquinhos (28a) e André (19a) todos ídolos super-aguardados.

O motivo teria sido religioso: a instituição era o Lar Espírita Mensageiros da Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral

Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram.

Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos, entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley (22a), que conversaram e brincaram com as crianças.

Eis que o escritor, conferencista e Pastor (com P maiúsculo) ED RENÉ KIVITZ, da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre o ocorrido e escreveu o texto No Brasil, futebol é religião, que abaixo tenho o prazer de compartilhar.
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No Brasil, futebol é religião por Ed Rene Kivitz

Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa.
Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. 
A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo; ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. 
E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.

Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz.
Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se dêem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina  ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental.


Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico e santista desde pequenininho.


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